Entidades de referência como o National Institute of Occupational Health (NIOSH), a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Center for Disease Control (CDC), o Ministério da Saúde e a Ordem dos Médicos, entre outras, identificaram os profissionais das áreas da saúde, da hotelaria, restauração, comércio e transportes como grupos de elevado risco psicossocial pela natureza e exigências do trabalho que desenvolvem. A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), através da associação à Campanha Europeia de Avaliação de Riscos Psicossociais, reitera a importância destas temáticas, e estimula a Avaliação destes riscos.
Deste modo, a nossa equipa de especialistas em saúde ocupacional, desenvolveu uma metodologia de Avaliação de Riscos Psicossociais, construída e adaptada à população portuguesa e ao enquadramento legal vigente (Lei n.º 102/2009 de 10 de Setembro. Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho). A nossa metodologia de avaliação e intervenção foi construída de forma a promover instituições saudáveis, auto-sustentáveis, capazes de potencializarem os seus recursos pessoais e organizacionais, visando a promoção e adaptação à mudança de forma criativa, eficaz e funcional. Para a concretização desses objectivos o modelo tem em consideração o bem-estar biopsicossocial dos indivíduos, do grupo e da própria organização, inserindo-se em organizações que pretendam desenvolver programas e políticas que fomentem o bem-estar e a saúde dos trabalhadores, com produtos e serviços de qualidade.
Actualmente, sabe-se que as exigências colocadas aos profissionais são imensas: preparação das tarefas e planeamento, trabalho em equipa disciplinar e por vezes multidisciplinar, bem como a necessidade de actualização de conhecimentos, capacidades e competências. Obviamente a estas exigências acrescem as do foro biopsicossocial, nomeadamente as competências de personalidade e as de relacionamento.
A actividade de ser um trabalhador actualizado exige ao profissional curiosidade, flexibilidade, segurança em si mesmo, pró-actividade e boa gestão de emoções em contexto laboral. Por estas razões, a avaliação de riscos psicossociais fornece informações nucleares para o posterior desenvolvimento de variadas competências: saber ouvir, investir na profissão, motivação, atitude mental positiva perante a vida e a vida laboral, flexibilidade, segurança, paciência, consistência, coerência, pró-actividade, comunicação, escuta activa e autoconfiança, entre outras.
Em concordância com os parâmetros de legislação definidos pela WHO, a Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (AESST, 2007), refere os 10 factores de risco psicossociais emergentes:
1- Contratos de trabalho precários no contexto de instabilidade do mercado;
2- Aumento da vulnerabilidade dos trabalhadores no contexto da globalização,
3- Novas formas de contrato de emprego;
4- Sentimentos de insegurança no trabalho;
5- Envelhecimento da população trabalhadora;
6- Intensificação do trabalho;
7- Diminuição da produção e outsourcing;
8- Elevadas exigências emocionais no trabalho;
9- Aumento dos horários de trabalho;
10- Pobre equilíbrio Trabalho-Família.
A iminência destes riscos despoleta danos psicossociais que se repercutem nas dimensões físicas, psicológicas e comportamentais dos trabalhadores, repercutindo-se consequentemente em danos nas organizações e na sociedade em geral, provocando stress ocupacional, Burnout, a violência, Bullying, Mobbing e assédio.